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Governo angolano e UNITA gratos ao mediador de paz Alioune Blondin Beye

Post by: 27 June, 2019

O Governo angolano e a UNITA prestaram, em Bamaco (Mali), uma homenagem ao antigo mediador do processo de paz em Angola Alioune Blondin Beye, mostrando-se "gratos" e considerando que o desempenho do diplomata maliano foi "heroico".

Segundo a edição de hoje do Jornal de Angola, o vice-Presidente angolano, Bornito de Sousa, e o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Eugénio Manuvakola, participaram quarta-feira na homenagem promovida pelo Governo do Mali por ocasião do 21.º aniversário da morte do mediador de paz (1993/98) na guerra civil em Angola (1975/2002).

Blondin Beye, na qualidade de representante do secretário-geral das Nações Unidas para as questões de paz e segurança em Angola, cargo para que fora nomeado em junho de 1993, morreu a 26 de junho de 1998 na sequência da queda de um avião ao largo da Costa do Marfim durante uma missão da ONU, em circunstâncias ainda por apurar.

A homenagem decorreu na Escola de Manutenção da Paz "Alioune Blondin Beye", em Bamaco, em que estiveram presentes o primeiro-ministro maliano, Boubou Cossé, o presidente da Assembleia Nacional do Mali, Isaac Sidibé, e da viúva de Blondin Beye.

Bornito de Sousa reconheceu que Blondin Beye "entregou-se, de corpo e alma, à causa da paz, segurança e estabilidade, não apenas em Angola, mas em todo o continente africano, considerando "merecida" a homenagem prestada ao "grande mediador".

O vice-Presidente de Angola sublinhou que o povo angolano tem uma "grande estima e respeito" por Alioune Beye, uma "figura que se destacou em Angola, em particular pelo dinamismo, perspicácia e exímias qualidades de diplomata".

Bornito de Sousa recordou que, como mediador da paz em Angola, exerceu as funções com "total dedicação até à data da morte", que considerou "heroica" no cumprimento de "mais uma das muitas missões" com o propósito de contribuir para a busca da tranquilidade e harmonia entre os angolanos.

Bornito de Sousa, que está, desde terça-feira, em Bamaco, recordou que Angola celebrou recentemente 17 anos de paz e de reconciliação nacional e vive um momento novo na sua organização e relançamento da economia e consolidação das instituições democráticas.

"Nada disso seria possível sem pessoas com a dimensão de Alioune Blondin Beye", sublinhou, salientando que o povo angolano está "eternamente grato" pelo gesto e desempenho do diplomata maliano no processo de paz em Angola.

Por seu lado, o deputado da UNITA, Eugénio Manuvakola, que também discursou na cerimónia, lamentou que o continente berço continue a enfrentar conflitos.

"Os africanos precisam aprender as lições dos recentes conflitos e dos processos de paz do qual Angola faz parte", salientou, mostrando-se "grato" pelo papel desempenhado por Blondin Beye na guerra civil angolano.

A homenagem serviu também para o lançamento do livro "Alioune Blondin Beye, A Paz em Angola, Um Longo Tio Tumultuoso", de 137 páginas, escrito pela viúva, Kady Sall Beye, que descreve a obra como o "reflexo da linha de pensamento" do marido.

Kady Sall Beye lembrou que o marido tinha o desejo de escrever o livro sobre o processo de paz em Angola, mas infelizmente não teve a oportunidade de o fazer pessoalmente.

"Como fui uma testemunha sobre o processo de paz em Angola e dos seus esforços, sei tudo o que ele pretendia escrever", sublinhou.

Foi através de Blondin Beye que, durante a guerra civil angolana, o Governo de Luanda e a UNITA assinaram um acordo de cessar-fogo a 20 de novembro de 1994, que ficou conhecido como Protocolo de Lusaca, um tratado de paz angolano que durou cerca de quatro anos e tinha como base a desmobilização das tropas do MPLA/FAA e as tropas da UNITA/FALA.

O tratado foi assinado na capital da Zâmbia a 20 de novembro de 1994 pelo então Ministro das Relações Exteriores do Governo angolano, Venâncio de Moura, e pelo então Secretario Geral da UNITA, Eugénio Ngolo Manuvakola.

O protocolo corrigiu alguns défices que se registaram nos Acordos de Bicesse (assinados a 31 de maio de 1991, no Estoril, Portugal) e também serviu para a formação de um Governo de Unidade e de Reconciliação Nacional (GURN) em Angola, que incluiu todas as forças políticas que tinham assento parlamentar, saído das eleições gerais de 29 e 30 de setembro de 1992.

No entanto, a guerra continuou até 2002, altura em que Jonas Savimbi, líder da UNITA, foi morto em combate.

Em Luanda, as autoridades angolanas homenagearam o diplomata maliano dando o seu nome ao liceu francês da capital de Angola.

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