No poder há 37 anos, Mugabe voltou, na última sexta-feira, a Cingapura, em sua terceira viagem ao país asiático apenas neste ano. Segundo membros do governo, o presidente, de 93 anos, sofre de fotofobia — e por isso teria sido fotografado de olhos fechados em diversos eventos diplomáticos — e tem viajado para cirurgias nos olhos e exames médicos de rotina. Usando dados do Departamento do Tesouro Nacional do Zimbábue, o diário britânico “Guardian” afirma que, em 2016, Mugabe gastou mais de US$ 50 milhões em viagens ao exterior. O valor seria mais que o dobro destinado aos hospitais e centros de saúde do país.
Um porta-voz da oposição considera que Mugabe é um "Presidente não residente", devido às frequentes ausências do país, manifestando dúvidas sobre se a saúde do chefe de Estado ainda lhe permite manter o controlo do país.
A oposição zimbabueana referiu à comunicação-social do Zimbabwe que a Singapura é agora, “literalmente, a casa” de Mugabe. “O país está estagnado actualmente porque o Presidente está a liderar o ‘espectáculo a partir da sua cama de hospital”, afirmou outro responsável da oposição.
A recente viagem de Mugabe obrigou, inclusivamente, o seu partido, o Zanu-PF, a cancelar um comício, marcado para o próximo dia 14, o que poderá indicar que a visita era inesperada.
Apesar do aumento de relatos sobre uma eventual uma deterioração da sua saúde, Mugabe já realizou, este ano, mais de dez viagens ao estrangeiro e expressou a vontade de estender o mandato por mais cinco anos. O que, a concretizar-se, significa que será Presidente do Zimbabwe até, pelo menos, aos 98 anos.
Mugabe subiu ao poder no Zimbabwe em 1980 quando o país conquistou a sua independência relativamente ao Reino Unido, tendo granjeado junto da população uma “aura” de libertador heróico. Apesar disso, nos últimos anos, a contestação tem aumentado drasticamente com várias acusações de corrupção e deriva autoritária.
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