Há muitas coisas, muitas áreas de influência, mas eu destacaria a questão energética que é, do meu ponto de vista, aquela que pode ter mais consequências para Angola.
Angola é muito dependente do petróleo, o petróleo representa 95% das exportações, representa 60% das receitas do orçamento e cerca de um terço da economia. E, portanto, tudo aquilo que acontece ao petróleo tem naturalmente influência sobre Angola.
E o petróleo na atuação de Trump pode ser analisada do lado da procura e do lado da oferta também. Do lado da procura, a ameaça de Trump de impor tarifas à China, à Europa, ao Canadá, ao México, eventualmente pode degenerar numa guerra tarifária, numa guerra comercial e naturalmente isto pode ter consequências sobre a atividade econômica global, reduzindo ou pelo menos acelerando a atividade econômica global e uma desaceleração da atividade econômica global não é bom para o preço do petróleo, porque quanto menos atividade, menos procura do petróleo. Portanto, isto pode ter consequências com a descida do preço do petróleo.
Do outro lado, do lado da oferta, o Trump disse que declarou emergência energética e disse que vai deixar explorar petróleo praticamente em tudo o que é canto e se isso acontecer, teremos um aumento da oferta do petróleo e, portanto, a conjugação destes dois fatores, por um lado, na procura com uma eventual guerra comercial e, por outro lado, na oferta com um aumento da produção dos Estados Unidos, isto pode degenerar e pode acabar numa redução do preço do petróleo e naturalmente que isto tem consequências negativas para Angola.
Enfim, resta-nos a esperança de que as ameaças tarifárias não passem disso mesmo e que haja um entendimento e que não percamos pelos dois lados, pelo lado da oferta e pelo lado da procura.
Mas, enfim, o tempo dirá.
Carlos Rosado de Carvalho