A 07 deste mês, outro grupo, o Movimento Independentista de Cabinda (MIC), indicou à agência Lusa que a polícia angolana detém, desde 28 de janeiro, 74 ativistas, entre eles o presidente Maurício Bufita Baza Gimbi e o vice-presidente António Marcos Soqui, número que a FLEC/FAC indica hoje ser de 77.
Em declarações então à Lusa, Sebastião Macaia Bungo, secretário para Informação e Comunicação do MIC, referiu que as detenções foram sendo acumuladas desde 28 de janeiro, à medida que se aproximava o dia em que o movimento se preparava para celebrar com uma marcha, a 01 de fevereiro, o 134.º aniversário da assinatura do Tratado de Simulambuco.
A marcha, que acabaria impedida pelas autoridades policiais angolanas, visava - além de comemorar os 134 anos do tratado assinado em 1885 entre Portugal e os príncipes, chefes e oficiais dos reinos de Cabinda (Makongo, Mangoyo e Maloango), colocando o enclave sob protetorado português - exigir também a independência.
Desde esse dia que a Lusa tem contatado a polícia nacional angolana, que, no entanto, não tem avançado qualquer informação, limitando-se a indicar que "terão havido alguns distúrbios na ordem pública", mas sem explicar pormenores.
Por seu lado, Sebastião Macaia tem estado incontactável.
Hoje, no comunicado, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC), assinado por Jean Claude Nzita, porta-voz e secretário para a Informação e Comunicação do movimento, acusa o Governo de João Lourenço de "distrair" a comunidade internacional "com reformas puramente cosméticas em Angola".
"O presidente angolano, João Lourenço, tem levado a cabo uma violenta e sistemática repressão em Cabinda contra todos os que reclamam por liberdade e dignidade. Apoiado por uma máfia institucionalizada, João Lourenço diz pretender combater a corrupção e os abusos em Angola, mas Cabinda é uma exceção, demonstrando assim inequivocamente que Cabinda não é Angola", refere a FLEC/FAC.
O movimento independentista denuncia também o que considera ser a "contínua e crónica militarização de Cabinda pelas tropas neocolonialistas angolanas", que avançaram para o enclave com uma importante "dimensão e capacidade bélica de forças repressivas".
"[Tal] demonstra, mais uma vez, que a justificação mitómana avançada pela oligarquia angolana de que pretendia garantir a segurança das fronteiras com a República do Congo e manter a estabilidade durante as eleições na República Democrática do Congo são apenas mais uma manobra de diversão para distrair a comunidade internacional e fazer de Cabinda o Guantánamo Angolano", refere Nzita.
A direção política da FLEC apelou, mais uma vez, ao secretário-geral da ONU, António Guterres, "que conhece bem Cabinda", ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e ao Conselho de Segurança da ONU para tomarem "todas as medidas necessárias para protegerem a população de Cabinda e forçarem Angola a terminar definitivamente com a repressão, militarização e genocídio em curso da identidade cabindesa".