À Lusa, Adriano Teixeira Parreira, que foi embaixador itinerante de Angola e, entre 1994 e 1997, embaixador extraordinário junto das Nações Unidas, em Genebra, e de organizações internacionais sediadas na Suíça, justificou a apresentação da queixa-crime - como outras que já interpôs anteriormente - por considerar que o texto apresenta "a prova" que fundamenta as "imensas suspeitas de comportamentos inusitados".
Apontou a visita promovida a Angola pelo antigo procurador-geral Fernando Pinto Monteiro, com vários procuradores da justiça portuguesa a Angola, como um dos casos que lhe terá suscitado desconfiança.
Entre estas, Adriano Teixeira aponta para a oferta de "um contentor de paracuca [doce feito com amendoim e açucar]" a uma das procuradoras que acompanharam Pinto Monteiro nessa viagem, apelando para que a atual PGR portuguesa investigue "de que paracuca se trata, de que contentor se trata" e, nomeadamente, "o que é que essa linguagem codificada quer dizer".
"Só tenho a reivindicar perante a Procuradoria-Geral da República que de imediato encete todas as ações que levem a desmascarar essa gente e saber quais são as relações que ligavam todos esses personagens", acrescentou o antigo embaixador angolano, que é também académico e historiador.
Adriano Teixeira Parreira acredita que as alterações recentemente promovidas dentro dos órgãos superiores das justiças angolana e portuguesa possam desbloquear a análise dos casos.
"Espero que todas essas instituições, sobretudo as renovadas Procuradoria-Geral da República angolana e agora, também, com uma nova procuradora, a Procuradoria-Geral da República portuguesa tenham, enfim, decididamente a intenção de julgar estes casos como deve ser", disse.
O antigo embaixador, que também tem nacionalidade portuguesa, considera ainda que a corrupção está a aumentar em Portugal.
"Surpreende-me muito mais a corrupção em Portugal, que a corrupção em Angola. Para já, porque já estávamos habituados, e aqui, começam a habituar-nos", rematou.
Adriano Teixeira Parreira louvou ainda a atuação da PGR angolana, que considera estar a funcionar, ainda que "lentamente".