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Deputado do MPLA avisa que ainda vão surgir "surpresas" no combate à impunidade em Angola

Post by: 21 Janeiro, 2021

O antigo secretário-geral do MPLA, partido no poder, aconselhou hoje, num debate sobre a impunidade na Assembleia Nacional angolana, para muitos não baterem palmas, “porque ainda muitas surpresas hão de surgir”, faltando saber “quem serão os próximos”.

Álvaro de Boavida Neto, atualmente deputado da bancada parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), interveio no debate sobre “O Combate à Impunidade como Fator Primordial à Boa Governação”, realizado na Assembleia Nacional, por proposta do partido maioritário.

“Aconselho a muitos de nós a não batermos palmas, porque ainda muitas surpresas hão de surgir, pelo andar da carruagem na sociedade no geral. A pergunta que não se cala fazer, quem serão os próximos”, disse o deputado.

Para Álvaro de Boavida Neto, “o tema sugere reflexão, ponderação e objetividade, sobretudo o novo aprendizado de lealdade, honestidade e patriotismo, independentemente do contexto, constituindo-se num imperativo capital”.

Segundo o deputado, o sentido a ser privilegiado sobre a impunidade deve e deverá ser o de justiça igual para todos, salientando que esta matéria não pode ser tratada “com ressentimentos”.

“Muito menos com o endurecimento dos nossos corações ou ainda estratificando a sociedade, com cidadãos bons e maus, sem percebermos bem os contextos que Angola se sujeitou”, afirmou.

O ex-secretário-geral do MPLA, entre 2018 e 2019, admitiu: “Houve saques pequenos, sim! Saques médios, sim! Saques grandes, certo! Para bom entendimento houve roubos”.

“Em determinada etapa da nossa história, o anormal passou a ser normal, ou melhor, o imoral também era pandemia não publicitada, que uma minoria com força de poder político, com as amarras das influências, disseram às populações que tudo era normal e moral, partindo do atrofiamento das famílias, estando hoje a viver-se esse caos pelo qual somos chamados à construção da nova consciência nacional, em que a impunidade está em primeiro lugar indiscutivelmente”, frisou.

O deputado afirmou que “muita reza” é o que hoje Angola precisa “em razão dos saques, roubos, açambarcamentos, pilhagem económica e social”.

“O certo é que estes senhores penhoraram a nossa soberania, comprometeram o futuro das populações vindouras, com dívidas que precisaremos de muitos anos para as solvermos, na eventualidade de termos o petróleo em alta”, acrescentou.

De acordo com Álvaro de Boavida Neto, a falta de escolas, hospitais, água potável, energia elétrica, estradas, desenvolvimento do setor produtivo e económico “é o reflexo do nosso egoísmo, sendo uma consequência desproporcional de ambição de alguns compatriotas”.

“Todos juntos fizemos muito mal às nossas populações, pois só a generosidade heroica do povo angolano pode ser a solução para o bem da nossa mãe pátria. Morreram milhares de pessoas, muita gente padece de fome, vivem na miséria e acumulam sonhos mortos”, salientou.

Álvaro de Boavida Neto falou em “misericórdia”, que deve ser clamada ao povo, por não termos “sido justos para com estes”.

Sobre a juventude angolana, pediu que a sua fragilidade e entusiasmo juvenil são sejam usadas “para semear e alimentar o ódio, que fará germinar sangue, muito mais mortes e não terá progressos e desenvolvimento que tanto” se quer.

“Os jovens têm sonhos, precisam de viver, ninguém tem o direito de adiar, chega de sofrermos por uma Angola diferente, mas igual para todos”, apelou.

Durante o debate, os deputados foram unânimes sobre a necessidade de se combater a impunidade, tendo o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, destacado o consenso alcançado.

“Saímos daqui mais claros sobre o meandro da luta contra a impunidade, a corrupção e a necessidade da boa governação e penso que há consenso que esse combate deve continuar, devemos todos contribuir para que se mantenha e fortaleça a boa governação”, disse o presidente da Assembleia Nacional angolana, lembrando que “é uma luta de todos”.

“É um processo contínuo, deve haver coragem, transparência e persistência”, sublinhou, enaltecendo o debate, que registou “alguns excessos”, mas o que, considerou, “é normal, é democracia”.

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Last modified on Quinta, 21 Janeiro 2021 22:19
Luís da Silva Jr.

Sou jornalista angolano colunista político, escritor e editor do jornal eletrônico Voz de Angola desde setembro de 2017 

vozdeangola@gmail.com  Tel: +244954754894

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