Segundo o presidente do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Liberty Chiyaka, “os angolanos estão preocupados” porque “o Governo não está a governar e está sem agenda de governação”.
“A agenda do Governo é combater o líder da UNITA”, acusou o deputado do partido do “Galo Negro” numa declaração política na abertura da sétima reunião plenária extraordinária da quarta sessão legislativa da quarta legislatura do parlamento angolano.
“O nosso Governo nem sequer consegue ter um plano para a limpeza da nossa cidade capital que tanto amamos, com enormes focos de lixo, nas ruas, passeios e estacionamentos, mas tem um plano para acomodar aqueles que se oferecem em diabolizar o líder da UNITA”, disse.
Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, tem sido alvo de diversas acusações veiculadas em órgãos de comunicação social e nas redes sociais, na sequência de posicionamentos públicos de alegados militantes deste partido.
Os deputados angolanos discutiram e aprovaram hoje vários diplomas legais, numa sessão em que foi também empossado um membro indicado pela UNITA, Lourenço Bento António, para a Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA).
Liberty Chiyaka congratulou-se com a posse do novo membro da ERCA e enalteceu o papel que está a ser desempenhado pela Comissão de Carteira e Ética dos Jornalistas, mas apelou às duas entidades para “refletirem profundamente sobre a regressão da liberdade de imprensa”.
“Pluralidade e respeito pelo contraditório. Angola desviou-se do rumo e encaminha-se para uma nova República que não é democrática”, sublinhou.
Numa intervenção eminentemente "pan-africanista", na sequência das celebrações do Dia da Libertação da África Austral, assinalado na terça-feira, Chiyaka apresentou a sua visão sobre uma África desenvolvida, democrática, próspera e respeitada pelo mundo.
Para o líder parlamentar da UNITA, as lideranças africanas “falharam” e “África falhou, o colonialismo foi substituído pelo autoritarismo, a subjugação dos povos foi substituída pela corrupção das elites”.
Os propósitos das lutas pelas independências em África, os desafios de Angola, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em inglês) e da União Africana foram também assinalados pelo político da UNITA.
O deputado recordou que África lutou pela democracia, igualdade política e jurídica, exercício pleno da cidadania, pela soberania dos povos, mas hoje grassam pelo continente a fome, pobreza, autoritarismo, injustiça social, racismo, tribalismo, entre outros.
Instituições democráticas fortes, infraestruturas de qualidade, consciência de serviço público temporário e continuidade da ação do Estado, cultura de trabalho, rigor, excelência, investigação, democracia, respeito pelo Estado de direito e boa governação foram apontados pelo político como alguns dos “pilares para o desenvolvimento sustentável” de África.
“África precisa de líderes com sensibilidade humana (…). Sem sensibilidade humana não se pode governar, África precisa de líderes que governam e não líderes que fazem gestão do poder, precisa de líderes com visão, integridade, grandeza moral e ética”, defendeu.
“Temos tudo para realizarmos os nossos sonhos, os sonhos adiados”, afirmou Chiyaka, considerando que o continente africano, com um povo maioritariamente jovem e subsolo potencialmente rico, “precisa de renascer”.
“Por isso o nosso apelo à União Africana: “Transformemos a união de chefes de Estado em união dos povos africanos, portanto uma verdadeira comunidade”, rematou.