Adalberto da Costa Júnior, falava na terça-feira à noite em Lopitanga (município de Andulo), no Bié, reagindo perante militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) à decisão do Presidente João Lourenço de nomear Pitta Gróz para um novo mandato de cinco anos.
João Lourenço recebeu, na segunda-feira, os três nomes mais votados pela Comissão Eleitoral do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público, sendo a procuradora Inocência Pinto a preferida dos magistrados (11 votos), enquanto Hélder Pitta Gróz e o vice-procurador Mouta Liz empataram com dez votos.
“É uma pessoa simpática e educada, mas a nossa leitura é que não cumpriu bem o seu mandato anterior e, quando não se cumprem bem, não se renovam mandatos [a pessoas] que não cumpriram a sua missão de defender a República, defender os angolanos, defender as leis, defender o Estado”, criticou Adalberto da Costa Júnior.
O presidente da UNITA disse que a Procuradoria-Geral da República (PGR) “tem sido uma bengala do poder político que governa o país” e criticou o silêncio perante o que chamou de violações dos direitos de ativistas cívicos, discriminação de militantes dos outros partidos, falta de pluralidade e perseguição aos líderes dos outros partidos.
“O que é que fez a PGR perante a diabolização dos adversários?”, questionou.
“Nada”, responderam os militantes.
O dirigente da UNITA considerou que Pitta Gróz está a ser reconduzido porque “cumpriu o programa de quem governa e de quem quer manter o programa partidário acima do interesse nacional” e exigiu uma justiça independente.
“Não queremos uma justiça partidária que não cumpre o seu papel, que não protege o cidadão, que se comporta de maneira cobarde, que recebe ordens políticas. Esta justiça não serve Angola”, atirou, apelando a Pitta Gróz a que “melhore o seu trabalho, cumpra as leis e não fique no silêncio cobarde das ordens políticas”.
O líder da UNITA deslocou-se até ao Bié no âmbito das cerimónias fúnebres de Araújo Kacyke Pena, sobrinho de Jonas Savimbi, que descreveu como “um filho de uma família que tem muitos mártires dedicados a este país e ao partido”.
É também em Lopitanga que foi sepultado o fundador do partido do “Galo Negro”, Jonas Savimbi, cujos restos mortais foram transladados para a sua terra natal depois de ter sido morto em combate no Luena (Moxico), a 22 de fevereiro de 2002.