"Felizmente, a situação está um pouco calma. Todos os nove irmãos que estavam detidos foram absolvidos e soltos na quarta-feira, dia 06 de janeiro, após um julgamento sumário", disse hoje à Lusa António Muhalia, secretário da comunidade islâmica na Lunda Norte.
As detenções aconteceram há uma semana no bairro Sachindongo e ocorreram, segundo o líder associativo, após "a polícia ter invadido uma mesquita" enquanto decorriam orações, com "agressões e detenções de pessoas sem motivo aparente", acusações rejeitadas pelas autoridades.
"Quando estávamos já no final da oração assustámo-nos com a presença da polícia e do Serviço de Investigação Criminal [SIC], que nem sequer nos deixaram terminar de rezar. Interromperam-nos, prenderam os nossos pastores e começaram a agredi-los", descreveu.
No total, segundo o representante, 20 pessoas estavam detidas, mas a polícia informou que deteve apenas nove, que se "insurgiram e agrediram efetivos da polícia" quando os agentes questionavam a legalidade da igreja.
O diretor provincial de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior na Lunda Norte, Rodrigues Zeca, contou à Lusa que uma comissão multissetorial da "Operação Resgate" acorreu ao local após receber denúncias de que uma mesquita anteriormente encerrada estava a realizar cultos.
Hoje, António Muhalia lamentou a ausência de espaços para rezar, afirmando que as 39 mesquitas na província do leste de Angola estão encerradas.
A religião islâmica ainda não é reconhecida pelas autoridades angolanas, mas só a Lunda Norte conta com mais de 10.000 muçulmanos.
A ministra da Cultura de Angola, Carolina Cerqueira, anunciou em janeiro, no parlamento, durante a discussão na especialidade da Lei sobre a Liberdade de Religião, Crença e Culto, que o Governo "acompanha a evolução do islamismo no país" e que vai tomar em breve uma posição.