Milhares de angolanos em várias cidades manifestaram-se no sábado ou pretendiam fazê-lo contra o aumento do preço dos combustíveis, da repressão contra as vendedeiras de ruas e da proposta de lei que altera o estatuto das organizações não governamentais.
Em declarações à Voz da América, o Director de Campanhas da AI Portugal, que tem acompanhado a situação dos direitos humanos em Angola, considera que "esta repressão é mais um episódio da forma de actuação das autoridades angolanas, com o uso excesivo da força e desproporcional para reprimir as manifestações a nível nacional, para reprimir a liberdade de expressão e de manifestação pacífica".
Para Paulo Fontes, "a dispersão de manifestantes só deve ocorrer como medida excepcional e em último recurso, quando todos os meios não violentos tenham sido esgotados", mas sublinha que no sábado "não há notícia de que tenha sido este o caso, no entanto, a polícia dispersou manifestantes em vários pontos, alegando que não tinham cumprido as formalidade".
"No fundo, acusações vagas e que servem apenas como desculpas para reprimir estas manifestações e servir quase de exemplo para criar o medo de futuras manifestações e tem sido esta a actuação das autoridades para com a sociedade civil".
A AI Portugal diz continuar a acompanhar a situação e está em contacto constante com organizações no terreno e activistas.
Fontes lembra que a organização tem "em curso a campanha que se chama Proteja a Liberdade, que tem como foco a liberdade e a manifestação pacífica a em Angola".
Esta campanha desenvolveu uma iniciatva de recolha de assinaturas para a libertação do activista Tanaice Neutro, que, apesar de ter duas ordens de libertação do tribunal, continua detido.
A iniciativa, segundo Paulo Fontes, recebeu mais de cinco mil assinaturas e um documento será enviado em breve às autoridades angolanas.
A Polícia Nacional (PN) de Angola informou em nota que 87 pessoas foram detidas em Luanda e Benguela e que serão levadas a julgamento sumário.
Algumas já terão sido apresentadas am Ministério Público. No Malanje e no Lubango as manifestações decorream sem incidentes. VOA