Empresa angolana de telecomunicações avança para tribunal contestando empréstimo feito à empresária para comprar ações da NOS
Advogado angolano estranha que tenha sido o Estado a pedir o arresto e acusa o MP de populismo. O processo judicial é um passo “radical” na luta entre facções do poder em Angola. Há quem ache que vem aí uma guerra sem quartel, mas há também quem diga que nada vai acontecer e “ninguém verterá uma lágrima” por Isabel dos Santos?
Isabel dos Santos ameaça expor operações da Sonangol. Manuel Vicente diz que “ninguém sai vencedor” desta guerra iniciada após a saída de José Eduardo dos Santos do poder, há dois anos, a guerra que desde o fim do ano opõe no Tribunal Provincial de Luanda o Presidente João Lourenço à filha do seu antecessor parece configurar a morte anunciada do império de Isabel dos Santos.
Um fim de ano que fica para a história de Angola e novo ano a fervilhar. Antes de janeiro acabar, a PGR angolana avançará com a ação principal contra Isabel dos Santos ou o arresto decretado pelo Tribunal Provincial de Luanda (TPL) extingue-se, garantem fontes jurídicas locais. Só no âmbito da ação, haverá acusação e defesa formais e decisões finais, mas os ventos não favorecem a empresária. Angola está determinada em mostrar uma nova normalidade e se agora reclama mil milhões - que Isabel dos Santos nega ter recebido - relativos ao financiamento da compra das empresas enquanto Eduardo dos Santos era presidente, outras exigências virão, por exemplo sobre mais-valias delas obtidas.
O Banco de Portugal abriu no final de 2019 uma inspeção por branqueamento de capitais ao Eurobic, avança a TVI. Esta inspeção segue-se a outra realizada em 2015, que determinou a recomendação de mecanismos que agora estão a ser verificados.
Isabel dos Santos diz que acredita no seu país, mas é fora dele que está a resguardar a sua fortuna. A empresária mudou de residência para o Dubai e passou a assumir cidadania russa, segundos os documentos depositados no registo comercial de Malta a que o Expresso teve acesso.
Ricardo Soares de Oliveira, professor em Oxford e autor do livro Magnífica e Miserável: Angola desde a Guerra Civil, considera que o arresto de bens de Isabel dos Santos, acusada de ter lesado o Estado angolano em 1,13 mil milhões de dólares, mostra uma «radicalização da ofensiva» contra o ex-presidente, José Eduardo dos Santos, e a sua família.
Isabel dos Santos veio a público reagir à notícia de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola terá instaurado um processo criminal contra a empresária.