Com um preço do petróleo 60 USD por barril, o Orçamento Geral do Estado (OGE) 2021 tem uma almofada do lado da receita de cerca de 3,6 mil milhões USD, de acordo com cálculos do Mercado a partir de dados do gabinete de estudos do Banco Fomento Angola (BFA).
Ao preço de 39 USD, referência do OGE 2021, o governo espera uma receita petrolífera de 4,06 biliões Kz. Com o petróleo a 60 USD a receita petrolífera situar-se-ia nos 6,71 biliões Kz, garante o BFA. Feitas as contas caso o petróleo se mantenha aos níveis actuais o governo encaixaria mais 2,65 milhões Kz do que o orçamentado. Considerando uma taxa de câmbio de 730 Kz por USD em 2021, estamos a falar de uma almofada de 3,6 mil milhões USD.
O barril de petróleo Brent, referência das exportações angolanas, furou a barreira dos 60 USD esta segunda-feira e tem-se mantido. A alta do crude é justificada com um redução da oferta, cortes da OPEP+ mas também dos produtores de Xisto dos EUA, e aumento da procura impulsionada pelo início da vacinação nos países mais desenvolvidos.
Apesar do optimismo, a nova estirpe da COVID-19 é uma forte ameaça aos mercados, pois um novo fecho pode fazer cair todas as expectativas de uma rápida recuperação do choque do ano passado. O Banco de Fomento Angola (BFA) aquando da análise do OGE para 2021 ano já referia que o orçamento parecia bastante conservador devido aos pressupostos pessimistas sobre a performance da economia e, sobretudo, do preço do petróleo.
De acordo com uma nota de informação divulgada em Janeiro, o preço do barril de Brent de 39 USD pressupõe um desempenho da economia global “pior”, do que em 2020 quando a média do Brent situou-se pouco acima dos 43 USD. As previsões do mercado internacional para 2021 apontam para um nível médio próximo dos 50 USD e a previsão compósita da Bloomberg vai mais longe: 54,3 USD, lê-se no documento.
Os cálculos do BFA assumem um valor médio do Brent de 51,5 USD em linha com o valor a que o crude foi negociado início deste ano.
O banco também é mais optimista do que o governo sobre o desempenho da economia nacional apontando para um crescimento de 3%, contra os 0,3% oficiais. A diferença estás nas projecções para a economia petrolífera e não petrolífera. Enquanto o OGE 2021 espera um recuo de 6,2% da economia petrolífera este ano, o BFA antecipa um decréscimo ligeiramente menos acentuado de 5,3%. Já do lado da economia não-petrolífera, o governo prevê um crescimento de 2,1% mas o BFA é mais optimista, prevendo uma expansão de 6,8%.
A diferença significativa resulta do efeito de um preço do petróleo mais elevado, através de maiores receitas fiscais e de uma maior disponibilidade de divisas, que resultará num Kwanza menos enfraquecido do que no cenário do Executivo; ambas estas consequências resultam num ambiente mais benigno para a economia não petrolífera”, elabora o BFA. MERCADO