O BNI Europa recebeu um aumento de capital de 4 milhões de euros no mês passado, isto enquanto os acionistas angolanos continuam à procura de um comprador depois de falhada a venda da instituição portuguesa um grupo chinês há quase um ano.
O banco em Portugal é liderado por Pedro Pinto Coelho e é detido pelo angolano BNI, do qual o ex-vice-governador do Banco Nacional de Angola Mário Palhares é o principal acionista e se tornou presidente da comissão executiva ainda no ano passado.
A operação de reforço de capital serviu para melhorar os rácios de capital do banco, de acordo com as exigências regulamentares, e surge depois de um ano em que a instituição teve de aumentar as imparidades (como a generalidade do setor, por conta da pandemia). As demonstrações financeiras do BNI Europa até setembro de 2020 davam conta de imparidades para ativos financeiros na ordem dos 4,6 milhões de euros, um aumento de mais de três milhões face a março.
Isto teve consequências ao nível de resultados, com o BNI Europa a chegar a setembro com prejuízos de quase oito milhões. As contas de 2020 ainda não estão encerradas, estando em curso neste momento um processo de auditoria anual às demonstrações financeiras de 31 de dezembro, segundo o banco.
Além da pandemia, o banco sofreu outro revés relevante no ano passado. A instituição esteve perto de ser vendido ao grupo KWG, mas os chineses deixaram cair o negócio em abril de 2020 por causa da pandemia e das condições adversas do mercado causadas pela crise sanitária. Voltou, entretanto, a lançar o processo de venda e está à espera de propostas.
“O processo de alienação do banco encontra-se em curso, estando a ser alvo de análise por parte de investidores interessados”, adianta o BNI Europa em declarações ao ECO.
O falhanço do negócio com o grupo KWG obrigou o BNI Europa a ajustar à realidade sem o novo acionista. O banco redimensionou-se e promoveu a saída de cerca de meia centena de trabalhadores em 2020, quase metade do seu quadro de pessoal, contando agora com cerca de 60 a 70 trabalhadores.
Tal como a subsidiária portuguesa, também o angolano BNI terá sofrido um forte ajustamento no número de trabalhadores, depois de a imprensa local ter avançado no ano passado que 350 funcionários estavam de saída da instituição.
Por outro lado, a fusão do banco de Mário Palhares com o Finibanco Angola, anunciada em 2019, também terá caído por terra. O Banco Montepio, dono do Finibanco Angola, anunciou nas suas contas anuais que o seu banco em Angola deixou de reunir as condições para ser classificado como um ativo não corrente detido para venda, sem dar explicações sobre o tema. ECO