Em entrevista exclusiva à Lusa em Luanda, onde chegou na quarta-feira e de onde partiu para participar, este fim de semana, na reunião do G20 na África do Sul, a responsável máxima do FMI falou da necessidade de integração regional e da importância do comércio no continente, bem como da diversificação económica, elogiando os passos dados por Angola neste sentido.
“Estou impressionada. Olhamos para o PIB (Produto Interno Bruto) de Angola e vemos que está a mover-se para os setores não petrolíferos, para as receitas não petrolíferas”, afirmou Kristalina Georgieva, mostrando-se “otimista” quanto a uma maior integração de Angola em África e ao impulso ao comércio regional como um “poderoso” motor de crescimento.
A responsável lembrou que o comércio global, que foi o motor do crescimento económico nas últimas décadas, “está a dar passos atrás”. Por isso, “o comércio regional, a integração regional, têm de avançar”, sustentou.
“E quando olhamos para o potencial em África, para o Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA), para corredores de transporte como o Corredor do Lobito — percebemos como isto é poderoso”, considerou Kristalina, adiantando que pode haver um aumento de 50% no comércio regional se os países africanos retirarem as barreiras ao comércio entre si.
Georgieva observou que os países africanos devem desenvolver cadeias de valor nacionais e regionais, admitindo que, em África, “há barreiras ainda mais fortes do que as tarifárias”.
Mas, assinalou, “a boa notícia é que está nas mãos dos africanos remover essas barreiras”, elogiando a liderança angolana na União Africana pelo foco nas infraestruturas.
O Presidente de Angola, João Lourenço, recordou a responsável máxima do FMI, destacou recentemente na cimeira de Luanda sobre infraestruturas a importância de mobilizar recursos para implementar projetos prioritários já pré-selecionados.
“E estamos a ver alguns resultados práticos, porque o Corredor do Lobito é fantástico para trazer minerais, produtos agrícolas e outros bens para o mercado, ao conectar Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo”, afirmou.
“E o que tenho ouvido dos empresários daqui são expectativas muito positivas sobre isto — música para os meus ouvidos”, complementou a responsável do FMI.
O Corredor do Lobito é um eixo ferroviário e logístico de atravessa Angola ao longo de 1.300 quilómetros, ligando o porto de Lobito à RDC e à Zâmbia, para facilitar o escoamento de minerais e outros bens e reduzir tempos de transporte.





