Segundo o presidente do grupo parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), Reis Júnior, as “perturbações nos mercados internacionais” têm agravado as dificuldades das famílias angolanas, impondo novos desafios à estabilidade económica e social do país.
“É imperativo, em face deste cenário, reafirmar a necessidade de políticas públicas ajustadas à nova conjuntura e centradas na proteção social e dos rendimentos das famílias, no controlo da inflação e na garantia do acesso aos bens essenciais.
É esta a via para defender o bem-estar dos angolanos e garantir a resiliência da nossa economia face às convulsões externas”, disse o deputado.
Reis Júnior, que apresentava a declaração política do seu partido na reunião plenária de hoje, exortou o executivo angolano a continuar a reforçar as medidas destinadas a conter o aumento exponencial dos preços da cesta básica. Apelou igualmente ao "cumprimento das políticas de estabilização e de regulação do mercado, para reduzir o impacto de medidas estruturantes, como a retirada gradual da subvenção aos combustíveis”.
A subida dos combustíveis, da corrida dos transportes públicos e coletivos, das propinas no ensino privado, das tarifas da água e da eletricidade têm gerado, nos últimos dias, uma onda de contestações na sociedade em Angola, com manifestações de repúdio às medidas governamentais.
O político condenou, por outro lado, todos os atos de intolerância e de violência política registados no país, tendo garantido que o seu partido “é, e continuará a ser, um defensor intransigente do direito à diferença, da liberdade de expressão e do pluralismo político”.
Assegurou que o MPLA não pactua e nem pactuará com atos que atentem contra a convivência pacífica, entre os angolanos, lamentando, no entanto, que a história recente do país, “que não se apaga, nem silencia as memórias, [tenha] deixado resquícios desse mal”.
“Por isso, construamos todos a verdadeira reconciliação com empatia e responsabilidade política”, apelou, referindo que “acusações levianas”, diretas ou indiretas, sem provas nem substância, lançadas contra o MPLA ou contra o Estado angolano, “não servem a paz nem a democracia”.
Sobre a política interna, o líder parlamentar do MPLA acusou o presidente da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola, maior partido na oposição), Adalberto Costa Júnior, de ter mentido ao alegar que terá recebido uma carta do MPLA em que este partido se teria recusado a dialogar sobre o pacote legislativo eleitoral.
“É importante que os angolanos saibam a verdade: essa carta não foi publicada, porque o presidente da UNITA mentiu. Na realidade, o grupo parlamentar do MPLA reafirmou com clareza, nessa correspondência, a total disponibilidade para construir consensos, no âmbito do processo legislativo”, argumentou.
Júnior criticou ainda o líder da UNITA por ter afirmado publicamente que Angola teria comprado a presidência da União Africana (UA), a qual é exercida desde fevereiro passado pelo Presidente angolano, João Lourenço.
Observou que a afirmação de Costa Júnior, “para além de evidenciar o seu desconhecimento sobre as normas que regulam a organização e o funcionamento" da UA, constitui “um grande desrespeito àquela prestigiada instituição, que luta pelas mais nobres causas de África e dos seus povos”.