"O que pedimos ao FMI foi uma nota com opções sobre aquilo que poderia ser um programa, e o que estamos a fazer é analisar internamente no Ministério das Finanças; não iniciámos qualquer tipo de negociação, pedimos informação e estamos a analisá-la, mas ainda não tivemos oportunidade de discutir a outros níveis, dentro do governo, é mesmo um trabalho técnico interno do Ministério", disse Vera Daves de Sousa.
Em declarações à Lusa no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana em Washington, Vera Daves de Sousa argumentou que gosta de "ter todas as opções em cima da mesa".
"Havendo um 'gap' de financiamento, que geralmente temos e vamos buscar a diferentes fontes, as instituições multilaterais, pelas condições financeiras que trazem consigo, são sempre uma boa opção a considerar", admitiu.
Questionada sobre se pedir ao FMI para elaborar uma nota sobre opções de programas de ajustamento financeiro não é um primeiro passo para a existência de um programa, a ministra respondeu que "pode dizer-se que sim", mas insistiu que "o tema não foi discutido politicamente, está a nível técnico para ter todas as opções em cima da mesa".
O pedido de opções de financiamento ao FMI surge depois de o governo ter falhado "uma ou duas vezes" o pagamento atempado de salários aos funcionários públicos, no verão, e de não ter conseguido endividar-se nos mercados financeiros devido à taxa de juro exigida pelos investidores estar acima de 10%.
"A razão para não termos emitido Eurobonds foi o preço; basicamente estamos à procura de uma taxa de juro a um dígito e ainda está a dois dígitos", disse a ministra da Finanças à Lusa.
Os contactos com os potenciais credores continuam, nomeadamente em Washington, onde houve reuniões "para partilhar com os investidores a nossa perspetiva da economia, a nossa visão", referiu.
"Estamos a fazer o trabalho de casa, temos os documentos preparados, e assim que sentirmos que o mercado nos acomoda, estamos disponíveis para avançar" num montante que pode ir dos 500 milhões de dólares a 1,5 mil milhões de dólares, (461,8 milhões de euros a 1,39 mil milhões de euros) "mas não há valores fixos determinados", concluiu a governante.
O FMI aprovou no final de 2018 um programa de financiamento ampliado (EFF, na sigla em inglês) no valor de cerca de 3,8 mil milhões de dólares, que depois foi aumentado para 4,5 mil milhões de dólares (cerca de 4,16 mil milhões de euros) e que terminou no final de 2021.